O Rapaz Tartaruga
move-se muito lentamente.
Um pé após o outro,
hesitando constantemente.
O Rapaz Tartaruga
caminha na areia.
Um pé após o outro
enredando-se na teia.
Um passo devagar…
Outro passo docemente…
Um passo sereno…
Outro passo calmamente.
O Rapaz Tartaruga
não tem pressa de chegar.
Porque ele na realidade,
não tem nada para alcançar.
por tattoo angel inspirado por “A Morte Melancólica do Rapaz Ostra & Outras Estórias” de Tim Burton
Um farrapo do homem que era hoje de manhã.
Falava dos filhos e da esposa, exibindo orgulhosamente as fotos deles no tablier do carro.
Ali, sentado e maniatado naquela cadeira, já não me dá entusiasmo.
Depois de lhe esmagar as rotulas, cortar quatro dedos de cada mão e arrancar-lhe todos os dentes a frio, este já não serve para nada.
Não consigo entender porque hesitei aos gritos de agonia dele.
Por cada dedo que lhe cortava, via o riso daquelas crianças transformado em lágrimas pela perda do pai.
Não. Esta pobre alma não merece sofrer mais.
Um golpe certeiro e profundo com a lâmina do cutelo termina com o sofrimento… paz á sua alma.
Felizmente existe sempre pessoas dispostas a dar boleia ate a bomba de gasolina mais próxima.
Sinto o ar bafiento a sufocar-me.
O sabor metálico do sangue invade-me a boca e os sentidos.
Sei que ele esta presente mesmo antes de abrir os olhos.
Este cabrão não imagina o que lhe faço quando me libertar da corda que me corta os pulsos.
Boleia? Eu dou-lhe a boleia. Para o inferno.
Arranco-lhe os olhos das orbitas e faço-o engoli-las com o próprio sangue.
A ele e a todos da família dele. Pai, mãe, filhos… cabrão…
Tenho de o olhar nos olhos. Não posso desistir agora.
Levanto a cabeça e… vejo a lâmina na minha direcção… fria… no… meu… pescoço… cabr…