Apetece-me ser o burro
A perseguir a cenoura.
Apetece-me a serpente,
Todo o anjo demente.
Apetece-me o ácido, a corrosão.
Apetece-me estrangular-te,
Espalhar-te por toda a parte.
Apetece-me o poeta.
Apetece-me o esteta.
Apetece-me o demonólogo,
Seu filho antropólogo.
Apetece-me jogar
No numero da Besta
E ganhar.
O que eu não daria
Para dançar
E para vestir
Tão bem quanto o Diabo.
Agora a sério…
Apetece-me o labirinto,
A morte,
A descida.
Apetece-me ser demónio
Dispensar toda
E qualquer espécie de vida.
“Como Escavar Um Abismo” de Fernando Ribeiro